Insights sobre consumo digital, regulação do futebol inglês e ascensão do feminino
Os hábitos dos portugueses mudam anualmente, especialmente nas tendências do consumo digital. Quais as tendências? Olhamos também para o novo regulador inglês e o boom de negócio no desporto feminino
Como as tendências de consumo digital estão a moldar o consumo desportivo em Portugal
As tendências de consumo digital em Portugal, como a elevada adoção de smartphones e a popularidade do streaming, estão a moldar o consumo desportivo, oferecendo novas oportunidades para envolver os adeptos através de plataformas móveis e conteúdos via streaming.
Projeto de lei histórico introduz regulador independente no futebol inglês
Projeto de lei inédito propõe a criação de um regulador independente para supervisionar a sustentabilidade financeira e a integridade do futebol inglês.
Transações no desporto feminino em alta
O desporto feminino está em franco crescimento, com direitos televisivos e transações de franquias a atingirem valores recorde, refletindo o aumento do interesse a nível global.
Como as tendências de consumo digital estão a moldar o consumo desportivo em Portugal
A Deloitte publicou recentemente um relatório sobre as tendências de consumo digital em Portugal, oferecendo insights valiosos sobre o comportamento dos consumidores portugueses. Embora o relatório não se foque especificamente no consumo desportivo, acreditamos que estas tendências têm implicações significativas para as organizações desportivas e as empresas de media que procuram envolver os adeptos na era digital.
Uma das principais conclusões do relatório é a elevada taxa de adoção de smartphones em Portugal, com 95% dos consumidores a possuírem um smartphone. Esta tendência sugere que as organizações desportivas têm uma oportunidade significativa de envolver os adeptos através de plataformas móveis, como aplicações personalizadas, conteúdos exclusivos e experiências interativas.
Outro aspeto interessante é o crescente interesse dos consumidores portugueses em soluções de identidade digital. Cerca de 45% dos inquiridos mostram-se recetivos à utilização de soluções de identidade digital. Esta tendência pode ter aplicações no setor desportivo, como a simplificação dos processos de venda de bilhetes e a oferta de experiências mais personalizadas aos adeptos.
O relatório também destaca a popularidade dos serviços de streaming de vídeo em Portugal, com 57% dos consumidores a subscreverem pelo menos um serviço de streaming. Esta tendência é particularmente relevante para as organizações desportivas, que podem aproveitar estas plataformas para distribuir conteúdos e envolver os adeptos. Parcerias estratégicas com serviços de streaming ou o desenvolvimento de plataformas de streaming próprias podem ser opções a considerar.
Além disso, o relatório oferece informações sobre as atitudes dos consumidores em relação à publicidade nos serviços de streaming. 27% dos inquiridos não se importam de ver publicidade se isso tornar a subscrição mais barata. As organizações desportivas e as plataformas de streaming podem considerar a introdução de modelos de subscrição suportados por publicidade para oferecer aos adeptos opções mais acessíveis para aceder a conteúdos desportivos.
Em conclusão, as organizações desportivas e as empresas de media devem estar atentas às tendências de consumo digital e adaptar as suas estratégias em conformidade. Ao aproveitar estas tendências, podem desbloquear novas formas de envolver os adeptos e monetizar conteúdos desportivos na era digital.
Link para fazer download do relatório ‘Digital Consumer Trends 2023 – The Portugal Cut’
Projeto de lei histórico introduz regulador independente no futebol inglês
Um projeto de lei histórico foi introduzido no parlamento do Reino Unido com o objetivo de criar um regulador independente para o futebol inglês. O regulador terá amplos poderes para supervisionar a sustentabilidade financeira e a integridade do jogo, incluindo a capacidade de impedir a criação de competições separatistas como a controversa Superliga Europeia proposta em 2021.
O regulador será independente do governo e das autoridades do futebol, e terá poderes robustos para melhorar a sustentabilidade financeira dos clubes, garantir a resiliência financeira em todas as ligas e salvaguardar o património do futebol inglês. Isto inclui poderes de reserva sobre a distribuição financeira entre a Premier League e a English Football League (EFL), testes mais rigorosos para novos proprietários e diretores, e maior voz para os adeptos na gestão dos seus clubes.
A introdução de um regulador independente representa um momento notável para um desporto que tem resistido firmemente à supervisão externa. Com um sistema robusto de licenciamento, controlo sobre os testes de proprietários e diretores, e poderes de reserva sobre a distribuição financeira, o regulador terá certamente um ponto de partida forte para enfrentar os desafios da governança do futebol inglês.
A recente dedução de pontos aplicada ao Nottingham Forest por violação das regras de sustentabilidade financeira da Premier League ilustra a necessidade de uma entidade independente para supervisionar estas questões. O clube argumentou que a venda tardia de um jogador estaria de acordo com o espírito das regras, mas acabou sendo penalizado. Com um regulador independente, estas situações poderiam ser analisadas de forma mais objetiva e consistente, garantindo a integridade e a justiça para todos os clubes.
Transações no desporto feminino em alta
O panorama do desporto feminino está a mudar rapidamente, com os direitos televisivos e transações a atingirem valores recorde. Esta semana foram noticiadas várias transações de elevada visibilidade que mostram como este mercado está em franco crescimento.
A equipa de futebol feminino Seattle Reign FC, que compete na NWSL (National Women's Soccer League, a principal liga de futebol feminino dos EUA), foi vendida por 58 milhões de dólares pelo grupo francês OL Groupe a um consórcio que inclui os Seattle Sounders e a firma de investimento Carlyle. É a primeira vez que a Carlyle investe numa equipa desportiva profissional. O OL Groupe adquiriu o Reign em 2019 por apenas 3,5 milhões, mostrando a rápida valorização das franquias.
Entretanto, a equipa San Diego Wave, também da NWSL, vai mudar de mãos por um valor recorde de 113 milhões de dólares. O milionário Ron Burkle, que pagou 2 milhões pela franquia de expansão em 2022, vai vender à família Levine Leichtman. É de longe o maior negócio de sempre nesta liga, ultrapassando os 63 milhões pagos pelas Portland Thorns.
A Angel City FC, considerada a equipa mais valiosa da NWSL com receitas estimadas em 31 milhões de dólares, está a explorar a venda de uma participação de controlo. Avaliada em 180 milhões, contratou o banco Moelis & Company para gerir o processo. Entre os interessados está Marc Lasry, ex-coproprietário dos Milwaukee Bucks da NBA.
O crescente interesse no futebol feminino reflete-se também nos direitos televisivos. A NWSL assinou um acordo histórico de 4 anos no valor de 240 milhões de dólares com ESPN, CBS Sports, Amazon Prime Video e Scripps Sports. E a WNBA, a liga de basquetebol feminino, está a negociar um novo contrato para começar em 2025, impulsionada pela popularidade de estrelas como Caitlin Clark.
Mas não é só nos EUA que se nota esta tendência. No Médio Oriente e Norte de África, a beIN Sports anunciou que irá transmitir gratuitamente na sua programação aberta e no YouTube os jogos restantes da Liga dos Campeões Feminina da UEFA de 2024, como parte da sua iniciativa beINSPIRED de promover o desporto feminino.
É a quarta temporada consecutiva que a beIN oferece esta cobertura gratuita, refletindo o crescente interesse na região - a final do ano passado atraiu quase 2 milhões de espectadores. Os quartos de final arrancaram ontem com grandes jogos.
Além do futebol, a beIN tem uma vasta carteira de direitos femininos como a nova Fórmula 1 Academy (competição feminina de automobilismo), os Jogos Olímpicos de Paris, vários torneios de ténis e padel. Com uma das maiores ofertas a nível global, está na linha da frente da promoção da igualdade de género no desporto.
Os canais televisivos que no passado subvalorizaram o desporto feminino estão agora numa corrida para adquirir direitos de transmissão. Com as audiências em franco crescimento, o investimento no desporto feminino está mais apelativo do que nunca. Ficará certamente para a história como um momento de viragem.